20091224

Considere o texto a seguir para responder os itens 1 a 15.

Texto I
Lanterna Mágica

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36 - Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria ao escarafunchar um engradado com os presentes do Dia da Criança. Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias. O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria. [...]
Houve um tempo em que as oportunidades de presente resumiam-se a duas: aniversário e Natal. Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá [...]. O desejo dos meninos da classe média para cima, é impreciso, vago, incapaz de provocar uivos de alegria quando satisfeito.
Já vivi minhas privações. Nunca pude ter bicicleta, por exemplo, nem bola de futebol, nem espingarda de rolha. Tivemos, eu e meus irmãos mais velhos, simulacros: revolverzinho de espoleta, bola de borracha, triciclo comunitário. [...]
Espingarda de rolha pude usar, por empréstimo, a de um primo, quando passava férias na casa de meu avô. Fiquei bom de tiro. Comecei acertando caixinhas de fósforos, acabei acertando moscas. A rolha era leve demais, desviava-se, então aprendi o truque de enfiar nela um prego curto, para dar peso e rumo. Bola de couro só mais tarde, no caminho da fazenda de seu Juca, hoje cidade nova, em Belo Horizonte.
Entretanto, o que se tornou para mim algo mais perto de maravilha foi uma lanterna de pilhas. Nunca tinha visto uma, a não ser no cinema e nas histórias em quadrinhos. Não sei, talvez considerasse aquele objeto coisa de ficção científica, não da realidade. Quando vi uma, manipulada por meu primo mais velho, já homem, o Zezé, na mesma casa de meu avô, foi um deslumbramento. Brilhava, niquelada, era uma daquelas de quatro pilhas. Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde quisesse foi mágico. A partir desse momento nada superou, nos meus sete anos, a beleza daquele fecho de luz. [...]
Deitado, à noite, com a lanterna dissipava fantasmas. Nos cantos, sombras revelam-se objetos ou cavidades. Uma súbita lagartixa era imobilizada no teto de taquaras e meditava talvez sobre qual seria a seguir a sua ação mais prudente. O pernilongo era localizado na parede, motores parados de repente.
Uma coisa era outra coisa na luz que a si mesma se desenhava em cone.[...]
O sapo esbarrava seu passeio noturno, como se dissesse epa, que sol é esse?
O poço, mesmo de dia, perdia o mistério. A luz furava a água cristalina e mostrava o fundo, alguma folha, paz. Uma pedrinha resvalava e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.
Partes do corpo, no escuro, atravessadas pela luz, mostravam um vermelho de abóbora. Nos dedos era possível pressentir o esqueleto. Na bochecha, frente ao espelho, viam-se veiazinhas.
O céu negro da noite engolia a luz, era o único a vencê-la.
(Ivan Ângelo, “De conto em conto”, Vol 1, Ática, São Paulo, 2002)

01. No que se refere ao narrador, é correto dizer que:

(A) se identifica com o menininho pobre da creche, pois também escarafunchava engradados, atrás de brinquedos, no Dia da Criança e no Natal.
(B) sempre achou normal as facilidades que as crianças da classe média têm de adquirir as coisas das quais não necessitam, em qualquer época.
(C) como todo menino da classe média, ele sempre desejou ter brinquedos muito simples, por isso ficou deslumbrado com uma lanterna de quatro pilhas.
(D) como não tinha brinquedos quando era criança, brincava apenas com os do primo Zezé, o que o tornou um adolescente frustrado e infeliz.
(E) para ele, os melhores brinquedos só existiam na ficção, no cinema e nas histórias em quadrinhos, pois quando era criança só teve simulacros.

02. De acordo com as informações do 2º parágrafo, é possível afirmar que:

(A) antigamente havia datas oportunas para se presentear as pessoas.
(B) as crianças sempre ganhavam presentes quando iam ao shopping.
(C) quase todas as famílias distribuem presentes semanalmente para os filhos.
(D) o desejo das crianças de hoje em ganhar presente é contido pelos pais.
(E) as crianças de classe média são capazes de se emocionarem com os presentes que ganham.

03. Observe o seguinte trecho: “O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria.” (linha 3). Esse trecho está relacionado ao fato de algumas pessoas viverem privações. Nele, o narrador expressa:

(A) dúvida.
(B) certeza.
(C) admiração.
(D) comparação.
(E) questionamento.

04. Leia o fragmento que se segue:

“Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá [...]”(linhas 5 a 7)

Observe:
Frase 1 - Não se deseja mais com aquela gana,
Frase 2 - porque sabe-se que alguma coisa virá.

I. A frase 1 mostra a conseqüência de se ter que lutar para conquistar o que deseja.
II. A frase 2 expressa a causa de não se desejar mais com tanta vontade como antes.
III. A frase 2 é a conclusão da idéia de que o desejo, hoje, já não é tão significativo.
IV. As frases 1 e 2 mantêm uma relação de fato/finalidade.
V. As frases 1 e 2 apontam um problema da atualidade e a solução para o fato apontado.

(A) Somente a I e II estão corretas.
(B) Somente a I e III estão corretas.
(C) Somente a II e III estão corretas.
(D) Somente a III e IV estão corretas.
(E) Somente a IV e V estão corretas.


05. Em: “A rolha era leve demais, desviava-se, então aprendi o truque de enfiar nela um prego curto, para dar peso e rumo.” (linhas 14 e 15), as palavras sublinhadas no trecho expressam, respectivamente, idéia de:

(A) tempo e condição.
(B) conclusão e causa.
(C) causa e conseqüência.
(D) conclusão e finalidade.
(E) finalidade e adição.

06. A alternativa em que a palavra destacada foi empregada no sentido conotativo (figurado) é:

(A) “Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias.” (linhas 2 e 3)
(B) “Já vivi minhas privações.” (linha 9)
(C) “A luz furava a água cristalina (...)” (linha 30)
(D) “Nos dedos era possível pressentir o esqueleto.” (linha 34)
(E) “Na bochecha, frente ao espelho, viam-se veiazinhas.” (linhas 34 e 35)

07. Para o narrador a lanterna era mágica porque:

(A) se tratava de um objeto imaginário só usado no cinema.
(B) era uma daquelas niquelada, de quatro pilhas, que brilhava.
(C) com ela, podia criar fantasmas e fazer as lagartixas desaparecerem no teto.
(D) descobriria os segredos de seu primo Zezé, quando estivesse acesa.
(E) ao tomá-la nas mãos e acendê-la, tudo se tornava encantado.

08. No trecho: “O sapo esbarrava seu passeio noturno, como se dissesse epa, que sol é esse?” (linha 29), a palavra sublinhada pode ser substituída, sem alterar o sentido da frase, por:

(A) tropeçava em.
(B) interrompia.
(C) continuava.
(D) chocava-se com.
(E) desviava-se de.

09. Em: “O poço, mesmo de dia, perdia o mistério. (...) alguma folha, paz.” (linhas 30 e 31), a expressão destacada neste trecho indica que:

(A) o poço é sempre misterioso quando a luz penetra no seu fundo, pois ela não o ilumina.
(B) não há mistério no poço; ainda que a luz penetre no seu fundo, ele estará sempre escuro.
(C) só de dia o poço perde o mistério, porque é o momento em que a luz fura sua água cristalina.
(D) tanto à noite quanto de dia, o poço perde o mistério se a luz penetrar no seu fundo.
(E) o poço mantém-se misterioso, mesmo quando a luz fura sua água cristalina.



10. Sobre o significado das palavras e expressões, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. Na frase: “Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria (...)” (linha 1), o trecho em negrito equivale a “mudo de alegria”.
II. No trecho: “Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal (...)” (linha 5), a palavra “evento” pode ser substituída por “acontecimento” sem prejuízo do sentido original do texto.
III. Em: “(...) qual seria a seguir a sua ação mais prudente.” (linha 26), o contexto do texto permite concluir que “prudente” significa: “segura”.
IV. Em: “(...) e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.” (linhas 31 e 32), a palavra “multipartia” é o mesmo que indivisível.

(A) somente I e III estão corretas.
(B) somente I, III e IV estão corretas.
(C) somente II e III estão corretas.
(D) somente III e IV estão corretas.
(E) todas as afirmativas estão corretas.

11. De acordo com o trecho: “O céu negro da noite engolia a luz, era o único a vencê-la.” (linha 36) é possível afirmar que:

(A) o brilho das estrelas impedia que a luz chegasse até o céu negro da noite.
(B) a luz da lanterna era vencida pela imensidão do negro céu da noite.
(C) à noite, a luz engolia o céu negro vencendo a escuridão.
(D) só o céu negro da noite ficava iluminado após engolir a luz.
(E) a luz vencia o céu negro da noite porque ele conseguia engoli-la.

12. Analise as frases abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

Frase I => “Houve um tempo (...)” (linha 4)
Frase II =>“Fiquei bom de tiro.” (linha 13)
Frase III =>“Uma súbita lagartixa era imobilizada no teto (...)” (linha 25)
Frase IV =>“O sapo esbarrava seu passeio noturno, (...).” (linha 29)

(A) Na frase I, o sujeito é representado pela expressão “um tempo”.
(B) Na frase II, temos exemplo de sujeito indeterminado.
(C) Na frase II, o predicado é “bom de tiro”.
(D) Tanto na frase III quanto na frase IV, o sujeito é classificado como simples.
(E) Na frase I, assim como na frase II, o sujeito é desinencial.

13. Em: “Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde quisesse foi mágico.” (linhas 21 e 22), as palavras destacadas neste trecho são classificadas, respectivamente, como:

(A) pronome oblíquo e artigo definido.
(B) artigo definido e preposição.
(C) preposição e artigo definido.
(D) pronome oblíquo e preposição.
(E) artigo definido e artigo definido.

14. Em: “Uma pedrinha resvalava e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.” (linhas 31 e 32)

As classes gramaticais das palavras grifadas são:

(A) 1 – verbo; 2 – substantivo; 3 – adjetivo; 4 – preposição; 5 – substantivo.
(B) 1 – interjeição; 2 – adjetivo; 3 – substantivo; 4 – advérbio; 5 – pronome.
(C) 1 – conjunção; 2 – adjetivo; 3 – pronome; 4 – artigo; 5 – adjetivo.
(D) 1 – conjunção; 2 – advérbio; 3 – pronome; 4 – preposição; 5 – adjetivo.
(E) 1 – preposição; 2 – advérbio; 3 – pronome; 4 – conjunção; 5 – adjetivo.

15. Imagine que o narrador, personagem do texto I escrevesse um cartão para acompanhar o presente de aniversário de seu filho. Use a criatividade e complete as lacunas do texto e, a seguir, indique a classe gramatical das palavras que você empregou, na ordem que elas aparecem na frase.

De: Ivan Ângelo
Para: Júnior
Filho,
Esse __________ marcou a minha infância, espero que ao lê-lo você ____________ momentos ___________ .
Carinhosamente,
Papai.

(A) advérbio – substantivo – pronome.
(B) substantivo – verbo – adjetivo.
(C) verbo – adjetivo – pronome.
(D) pronome – conjunção – interjeição.
(E) substantivo – advérbio – numeral.

Considere o texto a seguir para responder o item 16.

Texto II



(Quino. Toda Mafalda, São Paulo: Martins Fontes, 1990)

16. Leia o trecho abaixo colocado no discurso direto.

Mafalda perguntou:
– Manolito, você acredita na igualdade entre os homens?
Se esse enunciando estivesse no discurso indireto, teríamos:

(A) Mafalda perguntou a Manolito se ele acreditava na igualdade entre os homens.
(B) Mafalda perguntava a Manolito se ele acreditaria na igualdade entre os homens.
(C) Mafalda perguntou a Manolito se ele acreditou na igualdade entre os homens.
(D) Mafalda perguntava a Manolito o que ele acharia da igualdade entre os homens.
(E) Mafalda perguntou a Manolito se ele acredita na igualdade entre os homens.

Considere os textos I e II para responder os itens 17 e 18.

17. Sobre o uso dos sinais de pontuação, nos trechos que se seguem, assinale a alternativa correta.

I. “Deitado, (1) à noite, (2) com a lanterna dissipava fantasmas. Nos cantos, (3) sombras revelam-se objetos ou cavidades.” (Texto I).
II. Manolito, (4) você acredita na igualdade entre homens? (5) (Texto II)
III. O sapo esbarrava seu passeio noturno, (6) como se dissesse epa, (7) que sol é esse? (8) (Texto I)
IV. Não tem jeito!... Esses pais são todos iguais! (9) (Texto II)

(A) A vírgula em 1 e 2 separa orações.
(B) A vírgula em 3 e 6 tem a mesma justificativa.
(C) O ponto de interrogação em 5 e 8 indica o fim de uma pergunta indireta.
(D) A exclamação em 9 é colocada com a finalidade de indicar espanto e alegria.
(E) A vírgula em 4 isola a palavra Manolito.

18. Em relação às histórias, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. O narrador inicia o texto, nos dois primeiros parágrafos, contando a história da sua vida. (Texto I)
II. O personagem Manolito não entende o que realmente Mafalda quer dizer sobre a palavra igualdade. (Texto II)
III. O narrador identifica o objeto de fascínio de uma fase de sua vida. (Texto I)
IV. As personagens comprovam, através de fatos, que todas as pessoas são iguais perante a lei em ambos os textos.
V. As personagens utilizam os discursos direto e indireto tanto no texto I como no texto II.

(A) Somente I e II estão corretas.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente II e III estão corretas.
(D) Somente III e IV estão corretas.
(E) Somente IV e V estão corretas.

Considere o texto a seguir para responder o item 19.

Texto III

(Quino. Toda Mafalda, São Paulo: Martins Fontes, 2006)


19. Na frase: “Adivinha o que eu trouxe pra v...”, (quadrinho 3) os verbos grifados se encontram nos seguintes tempos verbais, respectivamente:

(A) presente do indicativo e pretérito perfeito do indicativo.
(B) presente do subjuntivo e presente do indicativo.
(C) pretérito perfeito do indicativo e pretérito imperfeito do indicativo.
(D) presente do indicativo e pretérito imperfeito do subjuntivo.
(E) presente do subjuntivo e pretérito imperfeito do indicativo.

20. Analise os textos I e III e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. A desilusão está presente em relação ao menininho do 1º parágrafo do texto I e ao pai de Mafalda do texto III, quadrinho 4.
II. A alegria para o pai de Mafalda do texto III é representada pelas pequenas coisas, assim como é exemplificada pelo comportamento do narrador do texto I em utilizar objetos velhos para brincar.
III. O deslumbramento é observado no texto I, quando o narrador consegue brincar com a lanterna, assim como se percebe uma ansiedade em Mafalda quando pensa que seu pai ia lhe presentear com uma televisão.
IV. A reação do narrador do texto I ao verificar a facilidade de consumo das crianças de classe média é de entusiasmo, assim como a satisfação de Mafalda em ganhar algum presente.

(A) Somente I e II estão corretas.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente I e IV estão corretas.
(D) Somente II e III estão corretas.
(E) Somente III e IV estão corretas.