20100128

1ª Questão:Classifique as frases em conotativo e denotativo.



a) Meu pai é meu espelho. ____________________________________

b) Quebrei o espelho do banheiro. ____________________________

c) Essa menina tem um coração de ouro. _______________________

d) A Praça da Sé fica no coração de São Paulo. _______________

e) Fez um transplante de coração. _____________________________





A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou à velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas às vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo à senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não “espaia”? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É lambreta.
(Stanislaw Ponte Preta)

Interpretação do texto:

1) O que a velhinha carregava dentro do saco, para despistar o guarda?

2) O que o autor quis dizer com a expressão “tudo malandro velho”?

3) Leia novamente o 4º parágrafo do texto e responda:

Quando o narrador citou os dentes que “ela adquirira no odontólogo”, a que tipo de dentes ele se referia?

4) Explique com suas palavras qual foi o truque da velhinha para enganar o fiscal.

5) Quando a velhinha decidiu contar a verdade?

6) Qual é a grande surpresa da história?

7) Numere corretamente as frases abaixo, observando a ordem dos acontecimentos.

( ) O fiscal verificou que só havia areia dentro do saco.
( ) O pessoal da alfândega começou a desconfiar da velhinha.
( ) Diante da promessa do fiscal, ela lhe contou a verdade: era contrabando de lambretas.
( ) Todo dia, a velhinha passava pela fronteira montada numa lambreta, com um saco no bagageiro.
( ) Mas, desconfiado, o fiscal passou a revistar a velhinha todos os dias.
( ) Durante um mês, o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
( ) Então, ele prometeu que não contaria nada a ninguém, mas pediu à velhinha que lhe dissesse qual era o contrabando que fazia.

20091224

Interpretação de Texto

A assembléia dos ratos

Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da questão.Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
— Acho – disse um deles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
— Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoç o de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo.
Todos porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio degeral consternação.Dizer é fácil - fazer é que são elas!

LOBATO, Monteiro. in Livro das Virtudes – William J. Bennett – Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1995. p. 308.

Na assembléia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi:
(A) aprovado com um voto contrário.
(B) aprovado pela metade dos participantes.
(C) negado por toda a assembléia.
(D) negado pela maioria dos presentes.

Paródias

Estranha do Condomínio(Versão: Mina do Condomínio)
Cantor: Seu JorgeNão to nem aí pra quela mina
E nem sei si ela ta também
Na cadeia ela sai eu fico
Lá do conto onde eu moro (2 x)

Seu cabelo de Bombril
Sua boca me deixa fora,
Sua voz me apavora,
Seu olhar vai embora,
Eu caio do seu sorriso
Nem preciso ti falar,
Eu perdi no paraíso
E nem sei se vou voltar.

Pois eu vou
Eu vou

Não falo ai ela me fala,
Não passa na minha calçada,
Da bom dia e eu não ligo,
Se ela chega sai o mundo,
Se ela passa eu xingo tudo,
E se vem vindo eu faço intriga
Eu não mando um beijo ela pega.

Pisca o olho e sai dessa
Faz posse eu nem vejo
Não mando charme ela me olha
Se ta junto eu vaso fora
Ela escreve e eu não leio

Sua horrível, horrorosa do meu condomínio
Seu lixo esquisito, sua cara fina
Minha nossa me diz que troço é isso
Que parece com porco espinho
Sua feia nunca quero possuir isso,
Seu troço estranho que bicho é isso
Sua horrível, o que, que é isso. (repete 2x)
(Alunos da 8 ª série)


Dança gel

(Versão: Dança do créu- Mc Créu)

Na dança gel tem que ter coordenação
Na dança gel tem que ter responsabilidade
Pois essa dança não é mole não
Eu venho te falar que são cinco prioridades.

A primeira é devagarzinho, é assim o gel, gel, gel.
A segunda é para os cabelos cacheados é assim gel, gel, gel, gel, gel, gel.
A terceira é para aquele cabelo encaracolado, é assim gel, gel gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel.
A quarta é para os cabelos afro-brasileiros, é assim gel, gel, gel, gel, gel gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel.
Agora é para aquela mulher que tem cabelo enrolado,
Mas essa o gel não resolve não,
Por isso temos que chamar o reforço.
Reza e acende a vela e usa a cola de alta fixação,
É assim gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel.
Gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel.
Gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel, gel.

(Alunos da 8 ª série)



Sem título

(Versão: Sufoco - João Bosco e Vinícius)


Eu sei que é terror que sinto por você
Mas pra você não dou o braço a torcer
Se eu te dou um fora, mata o seu desejo
E tira o meu sossego com o meu prazer. (refrão)


Como eu te faço pra tirar da cabeça
Sendo que você, não sai do meu portão
Sempre que te peço para ir embora
Fico no sufoco com a indecisão.

Eu não sou tapete pra que você me pise
Mas sempre quero judiar do seu coração
E faz minha cabeça, sempre que decido te jogar no chão.

Eu sei que é terror que sinto por você
Mas pra você não dou o braço a torcer
Se eu te dou um fora, mata o seu desejo
E tira o meu sossego com o meu prazer. (refrão)

7ª série



Fico Feliz
(Versão: Fico Feliz – Aline Barros)


Fico feliz em vir em tua casa
Tomar coca-cola e jantar. (refrão)

Bendito é o nome do seu vô,
Bendito é o nome do seu vô,
Bendito é o nome do seu vô
pra sempre. (2X)


Fico feliz em vir em tua casa
Tomar coca-cola e jantar. (refrão)

(Produzido por: Alunos da 5ª série)



Eu sei que não é amor, o que sinto por você
Mas por você não dou a cara pra bater
Eu não te peço um beijo,
E não mata meu desejo com o seu sêsse. (refrão)

Como que eu faço pra tirar da cabeça
Sendo que você não sai do meu portão
Sempre que me pede pra que eu te esqueça
Fico no sufoco com esta invasão.

Eu não sou brinquedo, mas você é um lixo
E querendo prejudicar o meu coração
E faz minha cabeça, sempre que decido te dizer um não.

Eu sei que não é amor, o que sinto por você
Mas por você não dou a cara pra bater
Eu não te peço um beijo,
E não mata meu desejo com o seu sêsse. (refrão)

(Produzido por:Alunos 8ª série)


AVALIAÇÃO DE PORTUGUÊS

1) Faça analise das frases abaixo:

a) O presidente Lula viajou para Davos.
Sujeito:___________________________
Predicado: __________________________________________________________
Núcleo do predicado: ______________________
Verbo: ______________________________________________________________

b) O povo viu o ladrão.
Sujeito: ________________________________________
Predicado: ________________________________________________
Núcleo do predicado: _____________________________
Verbo transitivo_____________________: ___________________________________
Objeto________________________: ________________________________________

c) Os parlamentares necessitam de melhor remuneração.
Sujeito: ___________________________
Predicado: _____________________________________________________________
Núcleo do predicado: ___________________________
Verbo transitivo______________________:___________________________________
Objeto____________________________: ____________________________________

d) Esta criança permanece irrequieta.
Sujeito: _________________________
Predicado: ___________________________________________________________
Núcleo do predicado: _____________________________
Verbo_________________________: _________________________
Predicativo do sujeito: ________________________________

e) Romário saiu insatisfeito.
Sujeito: ____________________
predicado: _____________________________________________________________
Núcleo do predicado: ______________________________
Verbo_________________________:______________________
Predicativo do sujeito: ____________________________

Joãozinho e o Papai Noel

Joãozinho e o Papai Noel

Joãozinho tem 5 anos e algumas dúvidas. Sabe que os aviões não despencam porque têm motor e os passarinhos não caem porque têm asas. Mas e o sol? Um amiguinho, também de 5 anos, disse que o sol não cai porque está pregado lá em cima. Mas não pode ser isso. Se está grudado no céu, como é que ele faz para se mexer e ir embora quando é noite?
Joãozinho sabe também que os peixes não afundam porque aprenderam a nadar. Mas como será que aprenderam uma coisa tão difícil? O papai tentou ensinar tantas vezes, num fim de semana que a família passou na praia, e ele não conseguiu nem boiar...
O que Joãozinho já conhece bem, com a experiência dos seus 5 anos, é a leviandade dos adultos. Ontem mesmo ele não viu por acaso o homem do mercadinho colocar seis limões no pacote, quando a mãe pediu claramente meia dúzia? Se Joãozinho errasse tão feio, a mamãe ia se zangar. Mas os adultos sempre se entendem com os adultos. E fazem até seis virar meia dúzia.
Outra lição que Joãozinho já aprendeu é não ir acreditando em tudo que dizem. Não lhe juraram que a tia Marlene estava gorda daquele jeito porque carregava um bebê na barriga?Juraram. E, quando ele foi perguntar à vovó se aquilo que a vovó levava na barriga era nenê, o que foi que ela disse, depois de tanta risada? "Que é que é isso, menino? Você anda vendo televisão demais. O que eu tenho é uma melancia aqui dentro. Olhe." E cada gargalhada que ela dava fazia mexer a melancia, para cima e para baixo, para cima e para baixo.
Joãozinho é assim, nos seus 5 anos. Desconfiado, mas não cético. Não decidiu ainda se Deus existe, porque não achou o assunto importante. Mas Papai Noel já é diferente. Quando chega dezembro, uma criança como Joãozinho tem de saber se ele existe. Porque a bicicleta que Joãozinho quer depende disso. De existir Papai Noel.
Alguns meninos dizem com superioridade que não precisam de Papai Noel. Meu pai é quem me dá as coisas, sorri um. Eu peço e minha mãe me traz o que eu quero, conta vantagem outro. Eles podem dizer isso, porque têm pais muito importantes. O pai de Joãozinho é só professor. Dá aula o dia inteiro, mas ganha pouco. Por isso, a mãe de Joãozinho também trabalha o dia todo. Mas ganha pouco. É professora.
Agora que dezembro chegou, as famílias vão à noite ao centro ver os presépios, comprar nozes, escolher novos enfeites para a árvore. Mas o pai e a mãe de Joãozinho não saem de casa. Arranjaram este mês um trabalho esquisito: contar em palavras do Brasil a história de um livro escrito por um homem de um país bem longe. E vão nisso quase até de manhã, porque esperam entregar tudo pronto até o dia 20, para receber o dinheiro.
Joãozinho gostaria de ficar acompanhando o trabalho deles, mas o sono chega sempre às 10. Hoje ele conseguiu agüentar até as 10 e meia e, quando diz boa-noite,a mãe pergunta o que ele quer ganhar de Papai Noel. Uma bicicleta? De que cor?Azul? A mãe sorri o pai também. Por que eles estão assim felizes, com tanto trabalho para fazer? Por que, enquanto Joãozinho, já meio dormindo, ainda não decidiu se existe Papai Noel, o pai bate as teclas do computador com tanta força e a voz da mãe,ditando, parece a de uma menina que descobriu o encanto da vida?

(DREWNICK, Raul. Pais, filhos e outros bichos. São Paulo: Cia Editora Nacional, 2006)

* Compreensão do texto:

01. Joãozinho não acredita em tudo o que lhe contam porque

( A ) todos mentem para ele.
( B ) é muito teimoso e vive perguntando.
( C ) não consegue compreender algumas situações.
( D ) vê televisão demais.
( E ) sua tia espera um bebê.

02. Joãozinho precisa saber se Papai Noel existe porque

( A ) os adultos não são de confiança.
( B ) tudo o que ele quer pede para a vovó.
( C ) o presente que ele quer depende disso.
( D ) não acha o assunto importante.
( E ) o pai disse que não tinha presente.

03. Assinale a alternativa que caracteriza Joãozinho.

( A ) Bagunceiro e perguntador.
( B ) Curioso e desconfiado.
( C ) Preocupado e religioso.
( D ) Alegre e crédulo.
( E ) Briguento e inteligente.

04. Assinale a alternativa que apresenta adjetivos uniformes:

a) português, cristão.
b) feliz, espanhol.
c) ateu, judeu.
d) comum, feliz.
e) corajoso, brincalhão.

05. São exemplos de linguagem não-verbal: (coloque um x na alternativa correta)

a) sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores.
b¬) cores das bandeiras e dos semáforos.
c) cantigas infantis.
d) discursos políticos.
e) apitos e discursos políticos.

06. Que tipo de Linguagem encontra-se nas placas?

a) _______________________________________
b) _________________________________________


07. Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira:

a) (1) comparativo de igualdade
b) (2) comparativo de superioridade
c) ( 3) comparativo de inferioridade

a) ( ) Carlos é mais forte do que seu irmão.
b) ( ) João é tão lento quanto o pai.
c) ( ) Mamãe é menos brava do que meu tio.
d) ( ) O circo é mais barato do que o cinema.
e) ( ) Marcio é menos alegre que seu amigo.
f) ( ) O gato é tão manso quanto o cachorro.

08. Coloque os símbolos de acordo com as frases abaixo: (SRS) superlativo relativo de superioridade,
(SRI) superlativo relativo de inferioridade, (ABS) superlativo absoluto sintético e (SAA) superlativo absoluto analítico.

a) O cão é o mais feroz. ( )
b) O café estava quentíssimo. ( )
c) O aluno é o mais inteligente da sala. ( )
c) A cerveja está geladíssima. ( )
d) Rafael foi o mais esperto dos cavaleiros. ( )
e) Pedro é o menos forte da turma. ( )
f) Aluno muito estudioso. ( )
Considere o texto a seguir para responder os itens 1 a 15.

Texto I
Lanterna Mágica

1 -
2 -
3 -
4 -
5 -
6 -
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8 -
9 -
10 -
11 -
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13 -
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17 -
18 -
19 -
20 -
21 -
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24 -
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26 -
27 -
28 -
29 -
30 -
31 -
32 -
33 -
34 -
35 -
36 - Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria ao escarafunchar um engradado com os presentes do Dia da Criança. Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias. O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria. [...]
Houve um tempo em que as oportunidades de presente resumiam-se a duas: aniversário e Natal. Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá [...]. O desejo dos meninos da classe média para cima, é impreciso, vago, incapaz de provocar uivos de alegria quando satisfeito.
Já vivi minhas privações. Nunca pude ter bicicleta, por exemplo, nem bola de futebol, nem espingarda de rolha. Tivemos, eu e meus irmãos mais velhos, simulacros: revolverzinho de espoleta, bola de borracha, triciclo comunitário. [...]
Espingarda de rolha pude usar, por empréstimo, a de um primo, quando passava férias na casa de meu avô. Fiquei bom de tiro. Comecei acertando caixinhas de fósforos, acabei acertando moscas. A rolha era leve demais, desviava-se, então aprendi o truque de enfiar nela um prego curto, para dar peso e rumo. Bola de couro só mais tarde, no caminho da fazenda de seu Juca, hoje cidade nova, em Belo Horizonte.
Entretanto, o que se tornou para mim algo mais perto de maravilha foi uma lanterna de pilhas. Nunca tinha visto uma, a não ser no cinema e nas histórias em quadrinhos. Não sei, talvez considerasse aquele objeto coisa de ficção científica, não da realidade. Quando vi uma, manipulada por meu primo mais velho, já homem, o Zezé, na mesma casa de meu avô, foi um deslumbramento. Brilhava, niquelada, era uma daquelas de quatro pilhas. Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde quisesse foi mágico. A partir desse momento nada superou, nos meus sete anos, a beleza daquele fecho de luz. [...]
Deitado, à noite, com a lanterna dissipava fantasmas. Nos cantos, sombras revelam-se objetos ou cavidades. Uma súbita lagartixa era imobilizada no teto de taquaras e meditava talvez sobre qual seria a seguir a sua ação mais prudente. O pernilongo era localizado na parede, motores parados de repente.
Uma coisa era outra coisa na luz que a si mesma se desenhava em cone.[...]
O sapo esbarrava seu passeio noturno, como se dissesse epa, que sol é esse?
O poço, mesmo de dia, perdia o mistério. A luz furava a água cristalina e mostrava o fundo, alguma folha, paz. Uma pedrinha resvalava e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.
Partes do corpo, no escuro, atravessadas pela luz, mostravam um vermelho de abóbora. Nos dedos era possível pressentir o esqueleto. Na bochecha, frente ao espelho, viam-se veiazinhas.
O céu negro da noite engolia a luz, era o único a vencê-la.
(Ivan Ângelo, “De conto em conto”, Vol 1, Ática, São Paulo, 2002)

01. No que se refere ao narrador, é correto dizer que:

(A) se identifica com o menininho pobre da creche, pois também escarafunchava engradados, atrás de brinquedos, no Dia da Criança e no Natal.
(B) sempre achou normal as facilidades que as crianças da classe média têm de adquirir as coisas das quais não necessitam, em qualquer época.
(C) como todo menino da classe média, ele sempre desejou ter brinquedos muito simples, por isso ficou deslumbrado com uma lanterna de quatro pilhas.
(D) como não tinha brinquedos quando era criança, brincava apenas com os do primo Zezé, o que o tornou um adolescente frustrado e infeliz.
(E) para ele, os melhores brinquedos só existiam na ficção, no cinema e nas histórias em quadrinhos, pois quando era criança só teve simulacros.

02. De acordo com as informações do 2º parágrafo, é possível afirmar que:

(A) antigamente havia datas oportunas para se presentear as pessoas.
(B) as crianças sempre ganhavam presentes quando iam ao shopping.
(C) quase todas as famílias distribuem presentes semanalmente para os filhos.
(D) o desejo das crianças de hoje em ganhar presente é contido pelos pais.
(E) as crianças de classe média são capazes de se emocionarem com os presentes que ganham.

03. Observe o seguinte trecho: “O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria.” (linha 3). Esse trecho está relacionado ao fato de algumas pessoas viverem privações. Nele, o narrador expressa:

(A) dúvida.
(B) certeza.
(C) admiração.
(D) comparação.
(E) questionamento.

04. Leia o fragmento que se segue:

“Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá [...]”(linhas 5 a 7)

Observe:
Frase 1 - Não se deseja mais com aquela gana,
Frase 2 - porque sabe-se que alguma coisa virá.

I. A frase 1 mostra a conseqüência de se ter que lutar para conquistar o que deseja.
II. A frase 2 expressa a causa de não se desejar mais com tanta vontade como antes.
III. A frase 2 é a conclusão da idéia de que o desejo, hoje, já não é tão significativo.
IV. As frases 1 e 2 mantêm uma relação de fato/finalidade.
V. As frases 1 e 2 apontam um problema da atualidade e a solução para o fato apontado.

(A) Somente a I e II estão corretas.
(B) Somente a I e III estão corretas.
(C) Somente a II e III estão corretas.
(D) Somente a III e IV estão corretas.
(E) Somente a IV e V estão corretas.


05. Em: “A rolha era leve demais, desviava-se, então aprendi o truque de enfiar nela um prego curto, para dar peso e rumo.” (linhas 14 e 15), as palavras sublinhadas no trecho expressam, respectivamente, idéia de:

(A) tempo e condição.
(B) conclusão e causa.
(C) causa e conseqüência.
(D) conclusão e finalidade.
(E) finalidade e adição.

06. A alternativa em que a palavra destacada foi empregada no sentido conotativo (figurado) é:

(A) “Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias.” (linhas 2 e 3)
(B) “Já vivi minhas privações.” (linha 9)
(C) “A luz furava a água cristalina (...)” (linha 30)
(D) “Nos dedos era possível pressentir o esqueleto.” (linha 34)
(E) “Na bochecha, frente ao espelho, viam-se veiazinhas.” (linhas 34 e 35)

07. Para o narrador a lanterna era mágica porque:

(A) se tratava de um objeto imaginário só usado no cinema.
(B) era uma daquelas niquelada, de quatro pilhas, que brilhava.
(C) com ela, podia criar fantasmas e fazer as lagartixas desaparecerem no teto.
(D) descobriria os segredos de seu primo Zezé, quando estivesse acesa.
(E) ao tomá-la nas mãos e acendê-la, tudo se tornava encantado.

08. No trecho: “O sapo esbarrava seu passeio noturno, como se dissesse epa, que sol é esse?” (linha 29), a palavra sublinhada pode ser substituída, sem alterar o sentido da frase, por:

(A) tropeçava em.
(B) interrompia.
(C) continuava.
(D) chocava-se com.
(E) desviava-se de.

09. Em: “O poço, mesmo de dia, perdia o mistério. (...) alguma folha, paz.” (linhas 30 e 31), a expressão destacada neste trecho indica que:

(A) o poço é sempre misterioso quando a luz penetra no seu fundo, pois ela não o ilumina.
(B) não há mistério no poço; ainda que a luz penetre no seu fundo, ele estará sempre escuro.
(C) só de dia o poço perde o mistério, porque é o momento em que a luz fura sua água cristalina.
(D) tanto à noite quanto de dia, o poço perde o mistério se a luz penetrar no seu fundo.
(E) o poço mantém-se misterioso, mesmo quando a luz fura sua água cristalina.



10. Sobre o significado das palavras e expressões, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. Na frase: “Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria (...)” (linha 1), o trecho em negrito equivale a “mudo de alegria”.
II. No trecho: “Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal (...)” (linha 5), a palavra “evento” pode ser substituída por “acontecimento” sem prejuízo do sentido original do texto.
III. Em: “(...) qual seria a seguir a sua ação mais prudente.” (linha 26), o contexto do texto permite concluir que “prudente” significa: “segura”.
IV. Em: “(...) e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.” (linhas 31 e 32), a palavra “multipartia” é o mesmo que indivisível.

(A) somente I e III estão corretas.
(B) somente I, III e IV estão corretas.
(C) somente II e III estão corretas.
(D) somente III e IV estão corretas.
(E) todas as afirmativas estão corretas.

11. De acordo com o trecho: “O céu negro da noite engolia a luz, era o único a vencê-la.” (linha 36) é possível afirmar que:

(A) o brilho das estrelas impedia que a luz chegasse até o céu negro da noite.
(B) a luz da lanterna era vencida pela imensidão do negro céu da noite.
(C) à noite, a luz engolia o céu negro vencendo a escuridão.
(D) só o céu negro da noite ficava iluminado após engolir a luz.
(E) a luz vencia o céu negro da noite porque ele conseguia engoli-la.

12. Analise as frases abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

Frase I => “Houve um tempo (...)” (linha 4)
Frase II =>“Fiquei bom de tiro.” (linha 13)
Frase III =>“Uma súbita lagartixa era imobilizada no teto (...)” (linha 25)
Frase IV =>“O sapo esbarrava seu passeio noturno, (...).” (linha 29)

(A) Na frase I, o sujeito é representado pela expressão “um tempo”.
(B) Na frase II, temos exemplo de sujeito indeterminado.
(C) Na frase II, o predicado é “bom de tiro”.
(D) Tanto na frase III quanto na frase IV, o sujeito é classificado como simples.
(E) Na frase I, assim como na frase II, o sujeito é desinencial.

13. Em: “Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde quisesse foi mágico.” (linhas 21 e 22), as palavras destacadas neste trecho são classificadas, respectivamente, como:

(A) pronome oblíquo e artigo definido.
(B) artigo definido e preposição.
(C) preposição e artigo definido.
(D) pronome oblíquo e preposição.
(E) artigo definido e artigo definido.

14. Em: “Uma pedrinha resvalava e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.” (linhas 31 e 32)

As classes gramaticais das palavras grifadas são:

(A) 1 – verbo; 2 – substantivo; 3 – adjetivo; 4 – preposição; 5 – substantivo.
(B) 1 – interjeição; 2 – adjetivo; 3 – substantivo; 4 – advérbio; 5 – pronome.
(C) 1 – conjunção; 2 – adjetivo; 3 – pronome; 4 – artigo; 5 – adjetivo.
(D) 1 – conjunção; 2 – advérbio; 3 – pronome; 4 – preposição; 5 – adjetivo.
(E) 1 – preposição; 2 – advérbio; 3 – pronome; 4 – conjunção; 5 – adjetivo.

15. Imagine que o narrador, personagem do texto I escrevesse um cartão para acompanhar o presente de aniversário de seu filho. Use a criatividade e complete as lacunas do texto e, a seguir, indique a classe gramatical das palavras que você empregou, na ordem que elas aparecem na frase.

De: Ivan Ângelo
Para: Júnior
Filho,
Esse __________ marcou a minha infância, espero que ao lê-lo você ____________ momentos ___________ .
Carinhosamente,
Papai.

(A) advérbio – substantivo – pronome.
(B) substantivo – verbo – adjetivo.
(C) verbo – adjetivo – pronome.
(D) pronome – conjunção – interjeição.
(E) substantivo – advérbio – numeral.

Considere o texto a seguir para responder o item 16.

Texto II



(Quino. Toda Mafalda, São Paulo: Martins Fontes, 1990)

16. Leia o trecho abaixo colocado no discurso direto.

Mafalda perguntou:
– Manolito, você acredita na igualdade entre os homens?
Se esse enunciando estivesse no discurso indireto, teríamos:

(A) Mafalda perguntou a Manolito se ele acreditava na igualdade entre os homens.
(B) Mafalda perguntava a Manolito se ele acreditaria na igualdade entre os homens.
(C) Mafalda perguntou a Manolito se ele acreditou na igualdade entre os homens.
(D) Mafalda perguntava a Manolito o que ele acharia da igualdade entre os homens.
(E) Mafalda perguntou a Manolito se ele acredita na igualdade entre os homens.

Considere os textos I e II para responder os itens 17 e 18.

17. Sobre o uso dos sinais de pontuação, nos trechos que se seguem, assinale a alternativa correta.

I. “Deitado, (1) à noite, (2) com a lanterna dissipava fantasmas. Nos cantos, (3) sombras revelam-se objetos ou cavidades.” (Texto I).
II. Manolito, (4) você acredita na igualdade entre homens? (5) (Texto II)
III. O sapo esbarrava seu passeio noturno, (6) como se dissesse epa, (7) que sol é esse? (8) (Texto I)
IV. Não tem jeito!... Esses pais são todos iguais! (9) (Texto II)

(A) A vírgula em 1 e 2 separa orações.
(B) A vírgula em 3 e 6 tem a mesma justificativa.
(C) O ponto de interrogação em 5 e 8 indica o fim de uma pergunta indireta.
(D) A exclamação em 9 é colocada com a finalidade de indicar espanto e alegria.
(E) A vírgula em 4 isola a palavra Manolito.

18. Em relação às histórias, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. O narrador inicia o texto, nos dois primeiros parágrafos, contando a história da sua vida. (Texto I)
II. O personagem Manolito não entende o que realmente Mafalda quer dizer sobre a palavra igualdade. (Texto II)
III. O narrador identifica o objeto de fascínio de uma fase de sua vida. (Texto I)
IV. As personagens comprovam, através de fatos, que todas as pessoas são iguais perante a lei em ambos os textos.
V. As personagens utilizam os discursos direto e indireto tanto no texto I como no texto II.

(A) Somente I e II estão corretas.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente II e III estão corretas.
(D) Somente III e IV estão corretas.
(E) Somente IV e V estão corretas.

Considere o texto a seguir para responder o item 19.

Texto III

(Quino. Toda Mafalda, São Paulo: Martins Fontes, 2006)


19. Na frase: “Adivinha o que eu trouxe pra v...”, (quadrinho 3) os verbos grifados se encontram nos seguintes tempos verbais, respectivamente:

(A) presente do indicativo e pretérito perfeito do indicativo.
(B) presente do subjuntivo e presente do indicativo.
(C) pretérito perfeito do indicativo e pretérito imperfeito do indicativo.
(D) presente do indicativo e pretérito imperfeito do subjuntivo.
(E) presente do subjuntivo e pretérito imperfeito do indicativo.

20. Analise os textos I e III e, a seguir, assinale a alternativa correta.

I. A desilusão está presente em relação ao menininho do 1º parágrafo do texto I e ao pai de Mafalda do texto III, quadrinho 4.
II. A alegria para o pai de Mafalda do texto III é representada pelas pequenas coisas, assim como é exemplificada pelo comportamento do narrador do texto I em utilizar objetos velhos para brincar.
III. O deslumbramento é observado no texto I, quando o narrador consegue brincar com a lanterna, assim como se percebe uma ansiedade em Mafalda quando pensa que seu pai ia lhe presentear com uma televisão.
IV. A reação do narrador do texto I ao verificar a facilidade de consumo das crianças de classe média é de entusiasmo, assim como a satisfação de Mafalda em ganhar algum presente.

(A) Somente I e II estão corretas.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente I e IV estão corretas.
(D) Somente II e III estão corretas.
(E) Somente III e IV estão corretas.